Quem sou Eu?
Imagino que você já tenha se feito essa pergunta, certo?
E se eu te disser que para você se aprofundar na descoberta dessa resposta ou no reconhecimento de quem você realmente é, você precisa saber primeiramente qual é a sua lateralidade, ou seja, se você é destra ou canhota?
A lateralidade da qual eu falo aqui não está relacionada à mão que escrevemos nem a qualquer função motora ligada à direito ou esquerdo. Este conceito é biológico e está ligado à adaptação e sobrevivência.
À partir da primeira divisão celular é determinado como será o funcionamento do nosso cérebro, ou seja, fica estabelecida qual é a nossa lateralidade de base, o nosso modo preferencial de perceber e reagir aos estímulos, sejam eles internos ou externos.
O cérebro gerencia esse funcionamento de acordo com as demandas da vida cotidiana, para nossa melhor adaptação, e isso se dá fora do nosso campo de consciência.
Por exemplo, se você é uma mulher destra, você funciona sobre o hemicórtex esquerdo, o que quer dizer, a metade esquerda do córtex cerebral que funciona pela estimulação do estrogênio (hormônio feminino).
Se você é uma mulher canhota, isso significa que você funciona sobre o hemicórtex direito, que é a metade direita do córtex cerebral que funciona pela estimulação da testosterona (hormônio masculino).
Mulheres destras tendem a ter uma ENERGIA mais feminina e mulheres canhotas tendem a ter uma ENERGIA mais masculina. É claro que as nuances de como isso se manifesta são infinitas, como diz a psicóloga francesa Josie Kromer “como a paleta de um pintor, permitindo todas as combinações possíveis de representações”.
A ENERGIA feminina é receptora e protetora, ela é uma energia orientada para dentro.
Já a ENERGIA masculina é associada à ação e aquisição, ela é uma energia com foco para fora.
A lateralidade biológica nos dá um campo diverso de mulheres destras e canhotas e essas energias se expressam no jeito de olhar, na postura corporal, nos comportamentos cotidianos, na comunicação, na forma de se vestir, nas escolhas que faz, ou seja, na sua maneira de se expressar e “sobreviver”no mundo.
Mulheres destras (energia feminina), costumam ter uma necessidade muito grande de proteção, elas esperam o que os outros dêem a elas o seu lugar, adoram ficar em casa, cozinhar e cuidar dos filhos e do lar. São pessoas conciliadoras, acolhedoras, amorosas, mas diante de uma injustiça, sai de baixo, elas viram uma fera. São sedutoras, preocupadas com a imagem, inseguras e não gostam de receber crítica. Têm uma queda por homens protetores e anseiam por aceitação e admiração. Quando criança, adoram brincar de boneca, gostam de vestidinhos com lacinhos, unhas pintadas e se sentem o máximo ao usarem o batom emprestado da mãe.
Mulheres canhotas (energia masculina) são diretas na comunicação, são práticas, confiantes, preferem usar roupas e sapatos confortáveis, não gostam de perder tempo e se sentem orgulhosas quando alguém diz que elas são “meio diferentes”. Costumam ser donas da razão, são controladoras e preferem escolher a serem escolhidas… obedecer então, nem pensar! Têm um olhar direto e desafiador, são hiper-performáticas, precisas e decididas. Têm uma grande necessidade de se realizarem em suas profissões e o trabalho é uma das coisas mais importantes para elas. Quando criança, as meninas canhotas teimam em escolher elas mesmas as suas roupas e preferem atividades com o pai ou brincadeiras com os meninos a brincar de boneca.
A compreensão da lateralidade e das energias nos traz um novo olhar sobre o que nos faz ser quem somos.
Na Natureza, os animais também são lateralizados destros-canhotos, e a função disso é facilitar a hierarquização dentro do clã. A hierarquia favorece a sobrevivência deles e também a sobrevivência do bando (clã).
Entre nós humanos a lateralidade cumpre a mesma função, hierarquização e adaptação para que possamos achar o nosso lugar dentro do grupo e garantir também a continuidade do clã.
Quando falamos em transgeracional, estamos falando da transferência de informações do clã, ou seja, de como as histórias vividas, percepções, perigos, dores e conquistas que impactaram os que vieram antes de nós, são passadas adiante para os descendentes para “garantir a sobrevivência” deles, e consequentemente, a perpetuação do clã.
A nossa lateralização nos permite responder de forma mais adequada às necessidades do nosso clã e do meio em que vivemos.
Nas histórias de nossas famílias algumas situações ou experiências podem não ter tido uma resposta adequada, gerando algumas “lacunas” que deverão ser preenchidas e a lateralização exerce essa função, fazendo com que certos códigos de comportamento sejam adotados por nós em função da lateralidade.
Dependendo das histórias vividas pelas mulheres da família no passado, a lateralidade atua como um tipo de correção ou compensação. Por exemplo, se as mulheres do clã não tiveram espaço para fazer suas escolhas no casamento ou profissão, é natural que neste seio familiar venha uma primogênita canhota.
Já se as mulheres do clã foram mais impositivas e territorialistas, e esse comportamento de alguma forma gerou sofrimento para a família, uma primogênita destra virá para atuar numa energia reconciliadora como correção.
Por isso se faz tão necessário conhecer as histórias do seu clã familiar para o processo de autoconhecimento e para trazer para a consciência tudo o que compõe as peças do quebra-cabeça que te faz ser exatamente quem você é.
E então, quem é você?